Há aqui dentro, solto na prisão
do corpo, um verso poderoso
que roça o nanquim puro, viscoso
e o suor – mar que mina da mão −
encharca o papel e a palavra,
esta arquitetura do nada,
este labirinto de esqueletos,
este breu, este vulto dos becos.
Enfim, o que será que nos reserva
todo o mistério do poeta?
Seria o de Deus e o poema
e suas mesmas origens supremas?
Ou será que apenas seria
seus hábeis truques de ventriloquia?